terça-feira, 16 de novembro de 2010

Atuação e formação do Pedagogo



A atual sociedade se arranja conforme os pressupostos do modo de produção capitalista, o qual se baseia na apropriação dos meios de produção por uma minoria que não trabalha, enquanto a maioria vende sua força de trabalho em troca de um salário. 
Inserimos agora as indagações sobre os espaços de atuação e formação do pedagogo. Historicamente, a escola surgiu como instituição em prol dos interesses da burguesia, com a qual a população teria um mínimo de formação para conseguir trabalhar e lidar com o grande e rápido desenvolvimento tecnológico ocorrido pós século XVIII. 
Além de fortalecer ao máximo a burguesia no incremento e desenvolvimento de novas tecnologias. Mesmo com este caráter dual, a escola denota esta função histórica que é a transmissão de conhecimentos sistematizados, os quais devem ser adquiridos para que dêem origem a novos conhecimentos, movimento dialético que alguns autores chamam de apropriação e objetivação.
  A base da expressão é a escola e esta tem como princípio a transmissão de conhecimentos, como a definimos? 
Na mesma linha, seria pensarmos o pedagogo como o profissional do Departamento de Recursos Humanos. Perguntamo-nos, para quê? Treinar os funcionários na utilização dos softwares ou sobre a política de convivência da empresa, por exemplo, e, a partir destes conhecimentos (científicos? acumulados historicamente? Produzidos em beneficio da humanidade ou em prol do funcionamento interno da empresa?) projetar a maneira como os funcionários melhor aprenderão esses saberes para o bom funcionamento da empresa! Há ainda, os inocentes que julgam que os pedagogos estariam na empresa para incitar a criticidade dos trabalhadores! Ah! E fazer com que eles se revoltem contra o patrão?! Provavelmente, a demanda por um pedagogo com este perfil não deve ser muito grande...

E o hospital? Função de gerenciador? Ou um “doutor da alegria”, que brinca em frente às crianças? Podemos nos atentar à possibilidade de ter crianças que, por conta de internações, estejam fora da escola por longo período e, com isto, tenha prejudicada a aquisição de conhecimentos formais. Neste caso, nos deparamos com uma problemática: esta aquisição, predominantemente feita, ou mesmo unicamente, na escola, assim como podemos pensar num espaço não-escolar? Não-escolar, no sentido de ser fora da escola, mas com a função historicamente delegada a esta instituição: transmissão de saberes sistematizados.

Em vista disto, estaria o perfil do pedagogo relacionado não ao espaço escolar, mas a sua função histórica? Muitos podem se perguntar, mas historicamente a escola coadunou-se com os propósitos da classe dominante, como então pensarmos numa educação em defesa dos interesses das classes exploradas e dominadas economicamente (em conseqüência, culturalmente)? Para tanto, necessitamos entender as condições econômicas sempre como determinantes das idéias e da cultura de determinado contexto histórico, por sua vez, o homem não somente é determinado, como também possui condições (mesmo que mínimas) de atuar para a modificação dos determinantes. Portanto, a história se constrói de maneira dialética. Deste modo, se a escola serviu aos interesses dos dominantes, nada mais coerente do que nos juntarmos e voltar a escola ao serviço dos interesses da população “pobre”. Pronto! Delimitamos um projeto político de sociedade a balizar toda e qualquer atuação profissional, seja do pedagogo ou do médico, a formação profissional deve ser voltada à emancipação da classe popular.

Mas, claro que a formação concernente a este projeto de sociedade não se dá de maneira simplista, como se disséssemos pronto! Quais outros espaços de formação e atuação (entendida no sentido de atuação política e não somente atuação profissional), que garantam não somente a formação técnica, mas que compreenda a formação política? O texto não intui discorrer sobre todos, mas podemos apontar alguns: o movimento estudantil (na formação inicial do pedagogo), os sindicatos, os partidos políticos, movimentos sociais, as associações de bairro, etc.

Diante de todo o texto, qual o “perfil do pedagogo” que devemos estabelecer como estratégia primeira, como um dos meios de se atingir a estratégia final de uma sociedade igualitária? Será ele um pedagogo pesquisador (como Libâneo reitera), ou um Pedagogo Único (docente, pesquisador e gestor)? Como discorrido até o momento, diante ao projeto político a ser defendido, devemos almejar a intelectualização do profissionais da educação, sem se esquecer de sua fundamental formação técnica, para que se esfacele a dicotomia entre o pensar e fazer e saiamos dos achismos e os fundamente teoricamente, a fim de fazer análises concretas da realidade.

O pedagogo deve ser um intelectual! Entendido como aquele que não apenas reproduz aquilo pensado por outrem, mas estuda e cria criticamente. Portanto, essencialmente, o pedagogo deve ser um pesquisador! Assim como o gestor, que deve conhecer os procedimentos técnicos da gestão de uma instituição, mas deve ter de volta (será que teve algum dia?) seu papel pedagógico, para o qual necessita dispor de todo seu intelecto. Sendo assim, defendemos uma formação plena (pesquisa, docência e gestão), pois acreditamos ser o pedagogo um docente capaz de gerir processos educativos, que para isso, necessitará estudar continuamente e pesquisar os problemas da educação.

Esperamos que a partir deste texto suscitemos mais interrogações, sempre norteadas sob o geral em direção à análise das particularidades. Incitando assim, a tomarmos um claro posicionamento em favor da emancipação da classe popular na educação, para que a escola deixe de reproduzir esse sistema social e possamos construir outra sociedade.

Último edição por Isabel Lauretti , baseado no trabalho de carolferrarezi .
Última modificação em Domingo 08 de Abril, 2007 17:03:21.